quarta-feira, 23 de maio de 2012

Uma caixinha de rapé para o nariz do pau


Acendi um misero cigarro, coloquei as lentes na cara e vos escrevo uma poesia.
Poesia xoxótistica, lítero-boêmia, litero-banal...
Pra ler ouvindo Janis Joplin.


O mundo dentro da vulva
é 
A vela.
Um bolso
Um calabouço
Um poço,
onde se molha guéla

Grelha divina.
Forno
Fornalha,
uma fagulha.

Que assa nossa carne

Uma vez dentro
Se asanha.
Estricnina e morfina
Mata fome
prazer
Me alucina
A trompas de falópio soaram a anunciar:

"Usa;
Abusa;
Lambuza".





segunda-feira, 14 de maio de 2012

Nonsense Total


sexta-feira, 13 de abril de 2012

POR QUE UM CACHORRO CHEIRA O RABO DO OUTRO? *


E Deus convidou os cães para uma festa no céu. Cães de todas as partes do recém-criado universo, logo ali depois que Moisés inventou o jornalismo-literário ao narrar o Gênesis.
Cães de todas as classes, cores e tamanhos. Do fiel pulguento que lambe a boca do bêbado do Largo do Glicério ou da Batata ao cãozinho liberal do sr. Adam Smith. Deus mata, mas não discrimina.
Daqueles cachorros magros do mercado da Encruzilhada, na frente do restaurante Bode Dourado, fina iguaria do Hellcife, aos cães que farejam as cabeças caprinas e os tutanos finais dos sacrifícios religiosos, deuses que dançam as reinvenções da existência como um moonwalk de Michael Jackson, o maior passo do homem na terra. 
Uma festa pra valer de todos os cachorros do mundo, não é brincadeira. A justa farra da baba felina. 
Na chegada ao paraíso, uma placa, além do possante alto-falante babélico, avisava em todas as línguas do mundo: nobre cachorrada, favor guardar o fiofó na chapelaria. Por ordem do asséptico Todo-Poderoso, justíssimo, nenhum cão, por mais asseado que fosse, poderia adentrar o recinto com o seu formiróide. O chapeleiro de Alice cuidava em catalogar os anéis caninos conforme o pedigree, pregas de classe.
Como não iriam precisar de fiofós na celebração com o Senhor, os cães -até mesmo aquele cachorrinho chato e mnemônico do velho Ulysses-  acataram a ordem sem maiores choramingas. Partes pudendas guardadas, distribuídas as cortiças para vedar as catingas do eu-profundo-animal, começou, então, a grande fuleiragem canina. Pense numa esculhambação de verdade! 
Andava tudo tão bonito, festa linda mesmo, um baile divino... até que um cão selvagem começou a cachorrada, a patifaria, a fuzarca, o funarére. A lenda é que o responsável inicial pela bagunça foi aquele dos caninos brancos do velho Jack London, cria chegada no mesmo combustível do dono, uma bagaceira, uma cana, uma aguardente que anima criaturas de todos os reinos.
Ao riscar da faca, um revestrel de fazer Deus pequeno, anão e invisível. Como quem tem cu tem medo, os cães saíram em desabalada carreira. Naquela agonia toda, a chapelaria veio abaixo. Cada um pegou o fiofó que encontrou ali no chão, o furico possível. O importante era não descer à terra, o planeta azul como visto lá de cima, desprovido, pois como todo mundo sabe, um oiti aqui faz muita falta. Melhor um fiofó alheio, um cu postiço, contra a vontade, do que viver sem a importantíssima retaguarda para o resto da vida.
Moral da fábula, segundo a oralidade popular sertaneja aqui humildemente resgatada: desde aquele dia, desde aquela bagunça divina no céu, quando um cachorro encontra outro (cachorro), a primeira coisa que faz é cheirar o rabo do semelhante. Uma eterna e paciente busca do próprio fiofó, uma procura  que deve durar até o juízo final, século seculorum, amém.

* versão pueril e putrita da narrativa que deu em conto para a "Antologia Bêbada -fábulas da Mercearia" (edição da bravíssima e genial Ciência do Acidente, leia-se Tejon & diabruras gutenberguianas, ano da graça de 2003, por supuesto.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Refletindo Pelado Com os Morcegos do Telhado

       
       Só mesmo os povos embrutecidos pela superstição machista, reza o marquês, podem não acreditar na poesia. E acreditar no contrário é ir contra a nossa própria natureza.
 
Vida e morte em quatro atos
 
i. Zen no último

Contemplo a lua
Enquanto cago
Na beira do lago


ii. Divã

Que coisa feia
Complexo de édipo
Com a mãe alheia


iii. Último forró em sapopemba

Minha nega
Contigo me derreto
Qual manteiga

iv. O desprezo

Não tem consolo
Mas um dia eu te atinjo
Nem que seja com um tijolo
 
 
 

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Palavras Ternas Para Corações Brutos.

Cuba libre e uma canção de amor, quem há de resistir?


               Hoje ao amanhecer, observando minha linda esposa e companheira, presenciei um dos momentos mais simples, delicados e bonitos de uma mulher. Aquele instante em que a sandália fica suspensa entre o pé e o ar, quase caindo mesmo, em um equilíbrio milagroso da distração feminina. A visão perfeita dos dedos e da curvatura da sola do pezinho. Meu Deus do céu. Nada mais sexy e sedutor para quem sabe apreciar tamanha delicadeza.




sábado, 17 de março de 2012

Cachaçada Com Bukowski


 Sempre que olho em algum reflexo meu, seja de vidro, de papel ou tinta óleo sobre tela, vejo pessoas tão diferentes e distintas. Nunca pensei com prioridade quem sou eu. Um mesmo ser, que nunca foi ou será apenas um. Parando pra pensar, nunca queremos acreditar na fragilidade das nossas vidas, o fato de que vamos morrer um dia desmonta quase todas as nossas certezas. Quando busco refúgio em algum cigarro (especial ou não), em alguma bebida destilada que entorpece e alegra, sinto-me o mais vivo dos homens.
Porque diabos têm que ser assim? Por que eu quis que fosse assim.


Como disse o Bukowiski: O problema do mundo de hoje é que as pessoas inteligentes estão cheias de duvidas, e as pessoas idiotas estão cheias de certeza.



sábado, 22 de outubro de 2011

Ode ao pedacinho de massa de vidraceiro verde que encontrei no meu sovaco numa manhã de verão

 Texto retirado do Livro O Guia do Mochileiro das Galaxias, mostrando que até mesmo para estudantes nada gêniais, feito você ou eu. O infinito é o limite.



Capítulo 10
O gerador de improbabilidade infinita é uma nova e maravilhosa invenção que
possibilita atravessar imensas distâncias interestelares num simples zerézimo de segundo,
sem toda aquela complicação e chatice de ter que passar pelo hiperespaço.
Foi descoberto por um feliz acaso, e daí desenvolvido e posto em prática como
método de propulsão pela equipe de pesquisa do governo galáctico em Damogran.
Em resumo, foi assim a sua descoberta:
O princípio de gerar pequenas quantidades de improbabilidade finita simplesmente
ligando os circuitos lógicos de um Cérebro Subméson Bambleweeny 57 a uma impressora
de vetor atômico suspensa num produtor de movimentos brownianos intensos (por exemplo,
uma boa xícara de chá quente) já era, naturalmente, bem conhecido 9 e tais geradores eram
freqüentemente usados para quebrar o gelo em festas, fazendo com que todas as moléculas
da calcinha da anfitriã se deslocassem 30 centímetros para a direita, de acordo com a Teoria
da Indeterminação.
Muitos físicos respeitáveis afirmavam que não admitiam esse tipo de coisa 9 em
parte porque era uma avacalhação da ciência, mas principalmente porque eles não eram
convidados para essas festas.
Outra coisa que não suportavam era não conseguir construir uma máquina capaz de
gerar o campo de improbabilidade infinita necessário para propulsionar uma nave através
das distâncias estarrecedoras existentes entre as estrelas mais longínquas, e terminaram
anunciando, contrafeitos, que era praticamente impossível construir um gerador desses.
Então, um dia, um aluno encarregado de varrer o laboratório depois de uma festa
particularmente ruim desenvolveu o seguinte raciocínio:
Se uma tal máquina é praticamente impossível, então logicamente se trata de uma
improbabilidade finita. Assim, para criar um gerador desse tipo é só calcular exatamente o
quanto ele é improvável, alimentar esta cifra no gerador de improbabili-dades finitas, darlhe
uma xícara de chá pelando... e ligar!
Foi o que fez, e ficou surpreso ao descobrir que havia finalmente conseguido criar o
ambicionado gerador de improbabilidade infinita a partir do nada.
Ficou ainda mais surpreso quando, logo após receber o Prêmio da Extrema
Engenhosidade concedido pelo Instituto Galáctico, foi linchado por uma multidão exaltada
de físicos respeitáveis, que finalmente se deram conta de que a única coisa que eram
realmente incapazes de suportar era um estudante metido a besta.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

E já que estamos falando sobre cerveja, bebendo cerveja, idolatrando cerveja...

Vos apresento solenemente Santo Arnoldo:


(clap clap clap clap...)

Santo esse que, devoto que sou, faço absoluta questão de divulgar e espalhar sua santa palavra aos incrédulos por meio dessa maravilhosa ferramenta do capeta que é a internet.

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O caso é que esse cara era um abade da cidade de Oundenburg (Bélgica), numa época em que a coisa andava sinistra por aqueles lados. A peste bubônica matava mais que o PCC e o Comando Vermelho juntos, de forma que nosso ilustre sacerdote (sei lá o que é um abade, mas é legal falar "sacerdote") achou de obrigar geral a beber cerveja, uma vez que o meio mais simples e rápido de contaminação era através da água, essa mistura insossa de hidrogênio e oxigênio, e que nosso heroi percebeu ser desnecessária ao povo. Além do que, todo aquele processo de fabricação da cerveja eliminava alguns seres indesejados - o que ainda ocorre, dependendo da quatidade consumida. Fato é que deu certo, e o visionário abade foi justamente alçado ao posto de santo, já que foram salvas uma meia dúzia de vidas nesse entrevero (não existem registros das almas perdidas devido à cachaçada geral). E, fato de igual importância, tornou-se padroeiro da cerveja e dos cervejeiros, morando eternamente em nossos corações, desde que nossos respectivos canecos não fiquem vazios. 

PS: Depois que o velho abade morreu, tinha uns nego fazendo o traslado de seu corpo para outra cidade. Como nosso abade era meio pesadinho (pesquisas recentes fazem ligeira alusão ao tamanho de sua barriga), os pobres carregadores pararam numa velha taverna para se refrescarem, mas o estoque do suco de cevada era inexistente àquela altura, e só tinha 1 (UM!) caneco de birita. E eis que todos os homens beberam, se fartaram, viraram a noite e dançaram tango, e a caneca não esvaziou um momento sequer. Foi o primeiro milagre de Santo Anrnoldo após sua morte. Registros indicam que o último milagre foi ter desaparecido com grande parte do estoque de cerveja Lokal que andava infestando os bares. Hallellujah!

PPS: Pra quem acha que é somente uma onda louca de minha pessoa, é só caçar no Google que você achará diversas histórias.

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Salud!

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Prazeres Lúpulados e Maltados: Sorteio de cervejas no blog Goronah

Tasqueopariu.
É com prazer e lúpulo que volto a escrever nesse periódico sem peridiocidade. Falando de um assunto que eu amo, que você ama, que nos amamos.
CERVEJA!
O mundo das cervejas especiais é um amontoado de curiosidades. O termo "especial" não representa nenhum estilo específico de cerveja feito por curdos que babam e comem merda. Mais sim de uma cerveja diferenciada, com mais aroma, sabor e corpo, principalmente as cervejas artesanais. Pale Lager, as mais populares no Brasil, mais nem de longe as grandes marcas nacionais chegam a ser parecidas com cerveja de verdade. Ao ouvir falar em cervejas especiais, pense em cervejas com um maior cuidado no seu preparo e, por consequência, melhor qualidade e melhor sabor.
No Brasil temos ótimas microcervejarias, e dou destaque para as Mineiras. Afinal, nem só de pão de queijo vive o mineiro uai.
Fazer cerveja em casa é uma atividade recompensadora bagarai, mas da um trabalho da porra.
Existem vários blogs, sites, livros e etc... (principalmente etc...) sobre o assunto para os interessados.



Bateu curiosidade sobre cervejas especiais? O blog cervejeiro Goronah está realizando o sorteio de três cervejas europeias. O editor do blog, Nicholas Bittencourt, está numa viagem pela Europa, passando por como Itália, Bélgica, Alemanha, República Tcheca. Ele ainda terá o desprazer que estar na Oktoberfest de Munique.

Se você assim como eu, o pessoal do hominilupulo e todos os cervejeiros internautas não está com inveja desta viagem dele de 33 dias pela Europa, saiba como concorrer e ganhar uma destas cervejas acessando o Goronah. Serão sorteadas uma cerveja alemã, uma tcheca e uma belga. Cada cerveja tem um sistema diferente para concorrer.

sábado, 23 de julho de 2011

Em tempos de Luan Santana, Sha Na Na salva!





A reação dos hippies é impagável...



Dúvida: Que que esses malucos tomaram? O frenesi é evidente, a droga é duvidosa...







E se, vendo isso, sobra dúvida de que os caras são doidões...




Talvez por isso o rock não morre jamais...

Se devemos dar valor ao presente, por quê não comprar um mais caro pra ajudar?

Como a felicidade é feita de bons momentos, resolvi dividir isso com vocês. Ligeiramente inebriado, com o mundo girando vertiginosamente entre os dedos que prendem um cigarro paraguaio,ouço The Boppers em uma madrugada com gosto de de insone nostalgia, regada à mais pura pinga mineira. O ritmo dançante deste sábado marcado pela morte da Amy Winehouse é meio incompreensível agora, pelo simples fato de que estou bebaço, ou ficarei, em instantes.

Não quero falar de nada específico, só quero falar. Muito perto de saír de férias de um trampo mais que estressante, não sei até agora como lidar com a liberdade repentina, e me dá vontade de gritar. Mas me controlo, afinal, sou um pai de família, só não sou evangélico nem deixo de jogar baralho.

Sei que irei ressucitar a vida cyber e frenética que me acompanhava nos tempos de vagabundo. Agora tenho Twitter e Facebook, já não sou mais um Zé Ninguém. E vou ficar rico e dominar o mundo.



Voltando à Amy, acho que ela se matou pra que pudesse entrar no não mais seleto grupo dos grandes mortos aos 27... Quem não gostaria de participar da infernal banda integrada por Jimi, Jim, Janis, Brian Jones, entre outros, empresariados por Lúcifer, a estrela do Alvorecer? Tiremos a boina listrada para seu oportunista senso de marketing. Ficará na história por lembrar, em tempos moralistas e imbecis, do glamour e do perigo de se viver loucamente. E por mostrar que foda-se, se eu quiser cheirar cocaína pelo rabo eu cheiro e vão tomar banho.

O importante é que agora o mundo segue, e novamente esqueceremos do poder e sensualidade que nossa individualidade nos traz...

Desjo a todos a loucura do homem das cavernas, além de uma ótima noite.

domingo, 10 de julho de 2011

Nietzsche é um Espirro.

Deus está morto.
Eu sei, por um tempo achei que ele estava me ignorando para me deixar apaixonado.

O nome e o sobrenome do Nietzsche me lembram espirro.

-Friedrich...
-Saúde!
-Nietzsche...
-Já falei Saúde!
-Wilhellllllm...
-Em cima de mim não porra!


Vão jogar Filosofghters

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Como Ficar Rico em Três Passos..


Eu escrevi um samba em homenagem a nata da malandragem que conheço de outros carnavais...




sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Insônia + Trabalho = Merrrrrrrrrda

Estou com fome, são 2h da madrugada(escrevi no trabalho essa merda, agora são 14:24), o tédio me consome. nada melhor pra passar o tempo do que escrever para isso que eu chamo de terapia para maluco, tem gente que diz que é blog.

Falando em comida, o ato de comer, convenhamos; passou de necessidade fisiológica do ser humano, para um grau elevado, de ritual, ou celebração agrupada (não é o que pensaram, nada de suruba), afinal, você não convida os amigos para irem até a sua casa darem uma cagada, ou para escovarem os dentes. Para almoçar ou jantar sempre somos convidados.
Hoje, recebi mais uma proposta indecente por telefone no trabalho, tô me sentindo galã de novela mexicana. As mulheres sempre serão um amontoado de curiosidades, e elas estão cada vez mais marcando presença, queria mandar um beijo na bunda de todas vocês mulheres. Mulher quando quer uma coisa, ela consegue, ela faz acontecer, mostra competência, tipo, sei lá, na "balada" (odeio esse termo jovem) quando uma mulher se arruma para a noite e diz pra ela mesma: -Eu vou dar! Ela da, uai. O homem pelo contrário, quando escova os dentes e chupa 295 pacotinhos de bala Hall's (para disfarçar o bafo de cachaça), sai pra noite e diz: - Vou comeeeeeeeeer a irmã de todo mundo!! Acaba não comendo ninguém.
Já que estou filosofando, e desabafando, tenho que lhes contar uma coisa para vocês meus leitores(a) que nem são tantos assim.

EU ODEIO VELHA!!

É sério, eu odeio velha, exceto a minha avó, eu gosto dela. O lance é o seguinte, parece que todas as velhas do mundo fazem um puta complô contra a juventude, ou contra mim especificamente falando, sempre que estou andando por alguma calçada atrasado para o trabalho (como sempre), para uma, duas, ou mais velhas na minha frente e parece que é até de sacanagem. Acho que uma velhinha liga pra outra, ou manda pombo-correio dizendo: - Tem um rapaz, apressado vindo ai, estaciona essa bunda cheia de rugas na frente dele... isso estraga meu dia!
Outra coisa que estraga meu dia, são essas lanchonetes de merda, que não estão servindo mais maionese caseira, estão dando saches de maionese Hellman's. Porra meu, tomar no vosso cu.
Desabafei, estou mais tranqüilo e levemente brisado.
A souza Cruz, deveria fazer cigarros maiores, afinal o câncer gera empregos.
Desde o Oncologista formado até o faxineiro do Hospital, são todos dependentes do câncer.


Jimi Renda-se

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Paul McCartney Live at Morumbi - 21st November - São Paulo - Brazil




23 de Novembro de 2010. Hoje faz exatamente 2 dias (e algumas horas) que eu realizei um dos maiores sonhos da minha vida. Hoje faz exatamente 2 dias (e algumas horas) que eu vi, ao vivo, o Sir Paul McCartney.

Foi em São Paulo, isso mesmo em solo Brasileiro que a magia aconteceu. A cidade – que deve ter mais ou menos o tamanho de um tabuleiro do Jogo da Vida é a maior cidade da America Latina inteira – amanheceu radiante naquele Domingo. Uma amiga que foi na mesma Van que eu, passou muito mau, o desespero entrou em cena, foi levada ao hospital e antes do show começar já estava nova em folha, milagres que “Santo MacCa” faz.“Hoje tem show do Paul McCartney aqui!” dava pra ver a empolgação nos locais. E essa empolgação se refletia nos turistas, nos comerciantes, nos funcionários da estação de trem, nos quartos esgotados dos hotéis, nos avisos dos supermercados restringindo a venda de cerveja a 4 latas, no máximo, por pessoa. Afinal, tinha que ter pra todo mundo. Tinha que ser justo com todo mundo o dia mais importante do ano para nossas vidas.

Chegando aos portões do imponente Morumbi Stadium, eu ainda não conseguia me dar conta do que estava prestes a acontecer. Tocamos violão na fila de espera, com pessoas que acabamos de conhecer e já nos sentiamos amigos de infãncia de todos os que estavam com a gente. Eu não conseguia compreender que em poucos instantes eu estaria frente a frente com uma das lendas vivas do rock, com uma das personalidades mais emblemáticas do século XX, com um dos responsáveis pela maior banda de todos os tempos.

E, pelo visto, eu não era o único a alimentar essa ansiedade. O estádio foi enchendo pouco a pouco e, antes das 7 da noite, já tinha todos os lugares ocupados. Civilizada e irritantemente ocupados. Eu tive a honra e o privilégio de contemplar Sir Paul McCartney e testemunhar, finalmente, o espetáculo histórico de um musico lendário.

Telão. Videozinho de abertura. Burburinho ansioso toma conta do estádio. Roadies terminando de preparar o palco. Seguranças tomando suas posições. Máquinas fotográficas aquecendo seus flashes. E o coração do Cotta avançando pela garganta. Nas arquibancadas o espetáculo das ollas fazia o coração de todo mundo ficar mais rápido.

Luzes apagam. Palco acende. Público urra.

Entra a banda. Um por um. Ouvem-se os primeiros acordes das guitarras estridentes nos P.A.s gigantescos do estádio do Morumbi. Espinhas dorsais redefinem os valores da escala Richter.

Eis que então, surge no palco, ovacionado unanimemente, Sir Paul McCartney. Sorridente, acenante, simpático como todo ídolo deveria ser. Violão em riste e microfone a postos. E o show começa com Venus and Mars, clássico dos Wings, de 1975. E imediatamente depois, Rock Show. E o meu coração já pedindo as contas no RH.

Se você pensar friamente, é só um “velhinho” de 68 anos tocando baixo. Mas de repente você olha pro palco e vê aquele cara. Aquele cara que fez parte da banda mais influente da história, que revolucionou o comportamento da geração dos seus pais, que produziu uma das obras mais sólidas e consistentes da cultura ocidental, que fez as musicas que você cresceu ouvindo e que definiram muito do seu caráter. E aí você repensa e se toca de que está diante do cara que fez boa parte da trilha sonora da sua vida. E parece que passa um filminho na sua cabeça (aquela história clássica, só que por um bom motivo) que te faz voltar e entender de novo o porquê de aquilo ser tão importante pra você, e justamente o porquê de você estar ali onde você está, naquele momento. E aí cai a ficha: você está vendo o Paul McCartney, porra!

E aí ele despeja aquela enxurrada de clássicos, só pra testar o quão forte seu coração é. Ou não é. Eu me segurei bem até começar Let Me Roll It, e daí em diante foi só choradeira. Soluço, mesmo. É impossível conter a emoção, e mesmo você já sabendo de cor tudo o que ele vai tocar… Poxa, é claro que você sabe que ele vai tocar Let It Be, você sabe que ele vai tocar Band On The Run, você sabe que ele vai tocar Hey Jude. E quando toca, é incontrolável. Não tem explicação!

O que você não sabe é que ele também toca I’m Looking Through You, Dance Tonight, Obladi Oblada, Paperback Writer, A Day In The Life e Day Tripper. E o mais legal é que você olha praquela banda irretocável, aqueles músicos jovens e cheios de gás, e olha para o Paul… e vê que o Paul tem mais gás do que todos eles juntos.

O homem tem 68 anos de idade e toca com o tesão de quem tem 20 anos. O homem faz um show de quase 3 horas de duração e não demonstra o mínimo cansaço. E ele canta tudo, nota por nota, de Blackbird a Helter Skelter sem perder a voz. É de dar inveja.

Os registros são simbólicos e importantíssimos, e capturam um pouquinho da emoção que foi estar lá vendo esse fenômeno que é o Paul McCartney. Se desse, teríamos filmado o show inteiro. Mas não tem problema, esses outros registros já estão pra sempre gravados na minha memória e no meu coração.

Obrigado, Paul.
Minha vida, minha história, minha personalidade e meu caráter agradecem.