sábado, 22 de outubro de 2011

Ode ao pedacinho de massa de vidraceiro verde que encontrei no meu sovaco numa manhã de verão

 Texto retirado do Livro O Guia do Mochileiro das Galaxias, mostrando que até mesmo para estudantes nada gêniais, feito você ou eu. O infinito é o limite.



Capítulo 10
O gerador de improbabilidade infinita é uma nova e maravilhosa invenção que
possibilita atravessar imensas distâncias interestelares num simples zerézimo de segundo,
sem toda aquela complicação e chatice de ter que passar pelo hiperespaço.
Foi descoberto por um feliz acaso, e daí desenvolvido e posto em prática como
método de propulsão pela equipe de pesquisa do governo galáctico em Damogran.
Em resumo, foi assim a sua descoberta:
O princípio de gerar pequenas quantidades de improbabilidade finita simplesmente
ligando os circuitos lógicos de um Cérebro Subméson Bambleweeny 57 a uma impressora
de vetor atômico suspensa num produtor de movimentos brownianos intensos (por exemplo,
uma boa xícara de chá quente) já era, naturalmente, bem conhecido 9 e tais geradores eram
freqüentemente usados para quebrar o gelo em festas, fazendo com que todas as moléculas
da calcinha da anfitriã se deslocassem 30 centímetros para a direita, de acordo com a Teoria
da Indeterminação.
Muitos físicos respeitáveis afirmavam que não admitiam esse tipo de coisa 9 em
parte porque era uma avacalhação da ciência, mas principalmente porque eles não eram
convidados para essas festas.
Outra coisa que não suportavam era não conseguir construir uma máquina capaz de
gerar o campo de improbabilidade infinita necessário para propulsionar uma nave através
das distâncias estarrecedoras existentes entre as estrelas mais longínquas, e terminaram
anunciando, contrafeitos, que era praticamente impossível construir um gerador desses.
Então, um dia, um aluno encarregado de varrer o laboratório depois de uma festa
particularmente ruim desenvolveu o seguinte raciocínio:
Se uma tal máquina é praticamente impossível, então logicamente se trata de uma
improbabilidade finita. Assim, para criar um gerador desse tipo é só calcular exatamente o
quanto ele é improvável, alimentar esta cifra no gerador de improbabili-dades finitas, darlhe
uma xícara de chá pelando... e ligar!
Foi o que fez, e ficou surpreso ao descobrir que havia finalmente conseguido criar o
ambicionado gerador de improbabilidade infinita a partir do nada.
Ficou ainda mais surpreso quando, logo após receber o Prêmio da Extrema
Engenhosidade concedido pelo Instituto Galáctico, foi linchado por uma multidão exaltada
de físicos respeitáveis, que finalmente se deram conta de que a única coisa que eram
realmente incapazes de suportar era um estudante metido a besta.

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