terça-feira, 23 de novembro de 2010

Paul McCartney Live at Morumbi - 21st November - São Paulo - Brazil




23 de Novembro de 2010. Hoje faz exatamente 2 dias (e algumas horas) que eu realizei um dos maiores sonhos da minha vida. Hoje faz exatamente 2 dias (e algumas horas) que eu vi, ao vivo, o Sir Paul McCartney.

Foi em São Paulo, isso mesmo em solo Brasileiro que a magia aconteceu. A cidade – que deve ter mais ou menos o tamanho de um tabuleiro do Jogo da Vida é a maior cidade da America Latina inteira – amanheceu radiante naquele Domingo. Uma amiga que foi na mesma Van que eu, passou muito mau, o desespero entrou em cena, foi levada ao hospital e antes do show começar já estava nova em folha, milagres que “Santo MacCa” faz.“Hoje tem show do Paul McCartney aqui!” dava pra ver a empolgação nos locais. E essa empolgação se refletia nos turistas, nos comerciantes, nos funcionários da estação de trem, nos quartos esgotados dos hotéis, nos avisos dos supermercados restringindo a venda de cerveja a 4 latas, no máximo, por pessoa. Afinal, tinha que ter pra todo mundo. Tinha que ser justo com todo mundo o dia mais importante do ano para nossas vidas.

Chegando aos portões do imponente Morumbi Stadium, eu ainda não conseguia me dar conta do que estava prestes a acontecer. Tocamos violão na fila de espera, com pessoas que acabamos de conhecer e já nos sentiamos amigos de infãncia de todos os que estavam com a gente. Eu não conseguia compreender que em poucos instantes eu estaria frente a frente com uma das lendas vivas do rock, com uma das personalidades mais emblemáticas do século XX, com um dos responsáveis pela maior banda de todos os tempos.

E, pelo visto, eu não era o único a alimentar essa ansiedade. O estádio foi enchendo pouco a pouco e, antes das 7 da noite, já tinha todos os lugares ocupados. Civilizada e irritantemente ocupados. Eu tive a honra e o privilégio de contemplar Sir Paul McCartney e testemunhar, finalmente, o espetáculo histórico de um musico lendário.

Telão. Videozinho de abertura. Burburinho ansioso toma conta do estádio. Roadies terminando de preparar o palco. Seguranças tomando suas posições. Máquinas fotográficas aquecendo seus flashes. E o coração do Cotta avançando pela garganta. Nas arquibancadas o espetáculo das ollas fazia o coração de todo mundo ficar mais rápido.

Luzes apagam. Palco acende. Público urra.

Entra a banda. Um por um. Ouvem-se os primeiros acordes das guitarras estridentes nos P.A.s gigantescos do estádio do Morumbi. Espinhas dorsais redefinem os valores da escala Richter.

Eis que então, surge no palco, ovacionado unanimemente, Sir Paul McCartney. Sorridente, acenante, simpático como todo ídolo deveria ser. Violão em riste e microfone a postos. E o show começa com Venus and Mars, clássico dos Wings, de 1975. E imediatamente depois, Rock Show. E o meu coração já pedindo as contas no RH.

Se você pensar friamente, é só um “velhinho” de 68 anos tocando baixo. Mas de repente você olha pro palco e vê aquele cara. Aquele cara que fez parte da banda mais influente da história, que revolucionou o comportamento da geração dos seus pais, que produziu uma das obras mais sólidas e consistentes da cultura ocidental, que fez as musicas que você cresceu ouvindo e que definiram muito do seu caráter. E aí você repensa e se toca de que está diante do cara que fez boa parte da trilha sonora da sua vida. E parece que passa um filminho na sua cabeça (aquela história clássica, só que por um bom motivo) que te faz voltar e entender de novo o porquê de aquilo ser tão importante pra você, e justamente o porquê de você estar ali onde você está, naquele momento. E aí cai a ficha: você está vendo o Paul McCartney, porra!

E aí ele despeja aquela enxurrada de clássicos, só pra testar o quão forte seu coração é. Ou não é. Eu me segurei bem até começar Let Me Roll It, e daí em diante foi só choradeira. Soluço, mesmo. É impossível conter a emoção, e mesmo você já sabendo de cor tudo o que ele vai tocar… Poxa, é claro que você sabe que ele vai tocar Let It Be, você sabe que ele vai tocar Band On The Run, você sabe que ele vai tocar Hey Jude. E quando toca, é incontrolável. Não tem explicação!

O que você não sabe é que ele também toca I’m Looking Through You, Dance Tonight, Obladi Oblada, Paperback Writer, A Day In The Life e Day Tripper. E o mais legal é que você olha praquela banda irretocável, aqueles músicos jovens e cheios de gás, e olha para o Paul… e vê que o Paul tem mais gás do que todos eles juntos.

O homem tem 68 anos de idade e toca com o tesão de quem tem 20 anos. O homem faz um show de quase 3 horas de duração e não demonstra o mínimo cansaço. E ele canta tudo, nota por nota, de Blackbird a Helter Skelter sem perder a voz. É de dar inveja.

Os registros são simbólicos e importantíssimos, e capturam um pouquinho da emoção que foi estar lá vendo esse fenômeno que é o Paul McCartney. Se desse, teríamos filmado o show inteiro. Mas não tem problema, esses outros registros já estão pra sempre gravados na minha memória e no meu coração.

Obrigado, Paul.
Minha vida, minha história, minha personalidade e meu caráter agradecem.

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