domingo, 4 de janeiro de 2009

Fim de férias...





Bem, galera, último dia de férias, voltamos à vida responsável amanhã... Uma droga, e ao mesmo tempo um alívio. Depois que acostumamos com uma vida normal, é difícil perder de vez o juízo, como era no tempo de vagabundo. O resultado é algo meio frustrante, já que eu achei que ia chegar com coma alcoólico e sair com overdose. Nunca acontece o que planejamos.

Mas, pelo visto, isso de frustração das férias não é único. Semana passada (durante as férias, por sinal), eu estava lendo o Luis Fernando Verissimo, e pelo visto ele andou enxergando as mesmas coisas que eu. Lá vai:





ANTES E DEPOIS


Há os que passam todo o ano nas férias de todo o ano seguinte se recuperando delas - ou pensando em como pagá-las. Muitas vezes, mais importante do que as férias são o antes e o depois. Alguns se divertem tanto planejando suas férias que quase dispensam as férias. Outros vêem férias apenas como um pretexto para fotografar tudo o que puderem com a maior rapidez possível e só depois, mostrando os slides para os amigos, enxergarem onde andaram.

- Aquele sou eu com a Magali.

- E aquilo no fundo?

- No fundo? É o Oceano Atlântico. Não, o Pacífico. Ou será o Atlântico?

O antes e o depois. Muitas vezes é grande o contraste entre o que se diz antes das férias e depois das férias.

Por exemplo:

Antes: "Vou chegar em casa, botar meu pijama e passar trinta dias de papo para o ar. Só me mexendo para coçar o pé. Uma bebidinha, um churrasquinho, e deixar o tempo passar..."

Depois: "Como o tempo custou a passar! O dia inteiro sem fazer nada. Saco. Briguei com a família, briguei com todo mundo. Depois de uma semana nem eu me agüentava dentro de casa. Ainda bem que acabou. E não me falem em churrasco durante um ano!"



Antes: "Está tudo minuciosamente planejado. Reservas de hotel, conexões de vôos, fusos horários, tudo. Vai funcionar como um relógio".

Depois: "Como se não bastasse o extravio das duas malas que foram parar no Sri Lanka, o hotel que a agência nos reservou em Londres não existe mais. Agora é um parque de estacionamento. E por que ninguém me disse que na Europa é 4 horas mais tarde, não mais cedo? Passei uma semana jantando ao meio-dia e tomando café da manhã às 10 da noite. No mais foi tudo bem. Fora a perda dos passaportes e o assalto em Palermo".



Antes: "Vai ser sensacional rever a tia Idalina e os primos de Vitória depois de dez anos!"

Depois: "A tia Idalina ainda vá, mas o marido... Depois de dois dias nem podíamos nos olhar. E o desgraçado ainda recortava os artigos do Delfim. E os primos? Estão uns monstros! A mais velha, inclusive, é sadomasoquista".



Antes: "Ah! A praia, o mar, o sol..."

Depois: "Bicho-de-pé, queimaduras generalizadas, intoxicação alimentar, o Júnior quase se afogou duas vezes... E os preços!"



Antes: "Vamos pegar o carro e sair por aí, sem rumo".

Depois: "Quebrar o carro não foi nada. Pior foi ter que dormir três dias na casa de um caboclo maluco que dormia com uma mula chamada Doroti e dizia que era primo distante do diabo".



Antes: "Vamos acampar no mato. Um mês ao ar livre. Contato com a natureza. Isso é que é vida saudável!"

Depois: "Só para dar uma idéia: uma noite os mosquitos levantaram a Jandira do chão, com saco de dormir e tudo, e teriam levado ela para o mato se nós não tivéssemos segurado com força. Mas levaram a Kombi".



Antes: "Vou aproveitar para por em dia minha leitura.".

Depois: "Olha, comecei a ver Roda de Fogo, me interessei, acabei não lendo nada".



Antes: "Chego em Punta Del Este e vou direto para o cassino. Ganho uma bolada e pago todo o veraneio. Meu sistema não falha".

Depois: "Mande um dinheiro pt Sem tostão para pagar hotel et ameaçado prisão pt Urgente".


Verissimo, Luis Fernando.


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Talvez o segredo seja curtir sem planejar. E talvez isso já seja um planejamento de como não se decepcionar. O melhor talvez seja trabalhar até à exaustão, ou simplesmente não trabalhar. O melhor é sair desse blog antes de ficar doido.

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